Tuesday, August 29, 2006

Penso, igual ele pensa



Penso, igual ele pensa

Cada dia que passa a atitude é submissa aos olhos sociais, isto é o indivíduo se torna cada vez mais individualista. Ser individualista para muitos é até uma questão de praticidade, afinal olhar para si e esquecer da realidade é sinônimo de leveza de espírito. Aqui, é claro, vale a regra da exceção.
O homem, seguido de uma linha cronológica, passou por várias mudanças e continua em eterna mutação. Com o teocentrismo, na idade medieval, Deus era visto como ser absoluto e a tradição era conseqüência de escritos da sagrada escritura. Mais tarde com o antropocentrismo, na idade média, houve um despertar do homem a submissão da Igreja, revoluções em busca da racionalidade, da legitimidade de certas verdades reconhecidas por razões, até então, metafísicas e uma grande dúvida ordenada para se construir uma nova filosofia.
Hoje, após vários séculos, a tão famosa frase dita por René Descartes: “Penso, logo existo” – Cogito ergo sum - se transformou em uma, grande baderna da vida privada. Se todos existem logo todos pensam, mas e se todos existem por pensarem iguais aos outros, o que somos? Alguém pensa alguma coisa original mente? Embaracei tudo? Não, meus caros, hoje a sociedade é repleta de conceitos nada originais, que foram inseridos a partir de um contexto capitalista, a modernidade entrou em crise de espírito e o auge do corpo, em ter um porte igual a determinados padrões se mescla com a falta de bom senso.
Com as práticas capitalistas, vigora uma indústria que se move para produzir um grande espetáculo de dependência. As pessoas são restritas a aspectos que, sem nenhuma razão, irão classificá-la como digna serem aceitas socialmente. A sociedade que até então buscava formas de pensamento para explicar fundamentos existentes, se limita a um mar de valores, extremamente antiquados.
Engana-se quem pensa que estar na moda é ser verdadeiro, perspicaz e atual. Seguir tendências puramente ditadas são costumes, extremamente, conservadores que por sua vez, mostram uma postura ultrapassada, mais do que o próprio significado de ultrapassada.
Bom, por mais denotações que existam da palavra “original”, temos que pensar que nada é novo. Talvez a grande resposta, para as buscas incessantes de várias verdades, na idade média, seja porque muita coisa era mal fundamentada. Atualmente a maioria do que temos, ao contrário do tempo dos antropocentristas modernos, é muito esclarecido e compreendido. Por estas questões não posso ser tão radical a ponto de condenar severamente atos “pops” que, reconheço, são inerentes da cultura pós-moderna.
Por fim, a única coisa que aqui ressalto e condeno, é a carência que as pessoas têm em dizer, vestir e fazer o que realmente querem. Em um mundo com disposições tão evoluídas e com pensamentos tão livres, legalmente assegurados, porque não há pessoas francas com elas mesmas?
Uma das formas mais importantes de se adquirir direitos é tomar atitudes necessárias e que partem da própria vontade. É preciso, abrir espaço para a comunidade humana, através de um grande diálogo, ser mais autêntica, mais sincera e através de consensos não serem mais ditatoriais e conservadoras.

Mais uma coluna publicada no site http://www.turmadodin.com.br
Anna Karoline Pacheco Teixeira – karolpacheco@gmail.com

Foto: Festa brega!!

Monday, August 21, 2006

Moralidade??

Kohlberg escreveu sobre a teoria de julgamento moral.
Concordo.


Fico pensando...
Será que temos o direito de influenciar, moralmente, na vida dos outros.
Ainda mais se a minha moral for diferente da sua? Acho que não, hein.



Coisa pra se pensar, né?
Bom assunto para escrever....

Saturday, August 19, 2006

Enquanto isso na sociedade brasileira

Enquanto isso, na sociedade brasileira...


Digamos que o sistema é desmantelado: muitos policiais corruptos, muitos políticos corruptos, muitas leis com enormes falhas, muita violência, muitas dúvidas do que deve ser fazer, muitas mazelas sociais. Desde que o Brasil é Brasil, a sociedade brasileira se transformou em todos os sentidos, porém com tanta dificuldade de lidar com as situações que englobam o cotidiano de uma “nação desigual”, o nosso tão saudoso país esta, intimamente, envolvido com todos os tipos de crises.
Todos os fatores que tornam o sistema brasileiro falido trazem a tona contextos que vão desde a entrada dos portugueses no país até mesmo a situação manipuladora da mídia brasileira aos brasileiros. Assim, uma sociedade desigual cada vez mais é educada para aceitar a desigualdade. Em vez de a população gritar um basta contra violência, coloca grades em suas casas, em vez de cobrarem mais justiça e paz, se tranqüilizam com a morte de um delinqüente por um policial, que é corrupto. Em vez de ajudar a população com menos recursos com projetos sociais ou até mesmo com a utópica solidariedade, há a situação dos mendigos e as grandes favelas se alastram no Brasil.
A grande questão não é discriminar as grandes doenças sociais, não é simplesmente dizer que “existe um bandido, ele é um transtorno social, portanto um problema do estado”, ao reconhecer o problema à sociedade tem que pressionar e cobrar os direitos que os detêm para eliminar aquela circunstância. A sociedade brasileira, assim como muitas outras sociedades no mundo, está se tornando cada vez irregular, diferente e heterogênea. Não há respeito nem pela cultura alheia, há vários blocos de descriminalização. Multiplicam-se os guetos e multiplicam-se as injustiças.
A sociedade brasileira que luta cada dia por um regime democrático, com um dos sistemas eleitorais mais modernos do mundo, não sabe respeitar nem a opção sexual de um outro indivíduo, não respeita os mais velhos, se matam por brigas de convívio, se individualizam e se tornam monstruosos narcisistas.
Todo este problema, enraizado nos atos históricos brasileiros, está tão vivo, porque a sociedade não se educa (em todos os sentidos), não há investimento na educação, não há conscientização familiar, não há vínculos sociais, não há respeito...
O maior problema social não é o fato de uma sociedade heterogênea, até porque uma sociedade completamente igual é um ideal social-utópico – tão sonhado, tão desejado, mas que não faz parte do sistema atual – mas o maior problema é a falta de cumplicidade entre as diferenças, a falta de uma harmonia entre as partes, a falta de um acordo para minimizar ou acabar com as crises e o término das mazelas sociais.
Enquanto o ideal social igualitário se torna cada vez mais longe de ser tornar real, enquanto o mundo se esforça para manter a paz contratual, enquanto a sociedade se distancia em grandes muros de condomínios fechados e grandes favelas com vistas para o mar; as pessoas se tornam vazias e se alienizam da verdadeira sociedade em que vivem. Enquanto isso, na sociedade brasileira às pessoas pensam...pensam e se deixam influenciar pelo o que vai se tornar mais agradável para elas e não o que é mais justo.

Por: Anna Karoline Pacheco Teixeira – karolpacheco@gmail.com
Esta coluna foi, anteriormente, publicada no site: www.turmadodin.com.br

Monday, August 14, 2006

Conversa de botas batidas


- Veja você onde é que o barco foi desaguar
- A gente só queria um amor
- Deus parece às vezes se esquecer
- Ai, não fala isso por favor
Esse é so o começo do fim da nossa vida
Deixa chegar o sonho
Prepara uma avenida
Que a gente vai passar
- Veja você, quando é que tudo foi desabar
- A gente corre pra se esconder
E se amar se amar até o fim
Sem saber que o fim já vai chegar
Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar
Abre a janela agora
Deixa que o sol te veja
É só lembrar que o amor é tão maior
Que estamos sós no céu
Abre as cortinas pra mim
Que eu não me escondo de ninguém
O amor já desvendou nosso lugar
E agora está de bem
Diz quem é maior
Que o amor
Me abraça forte agora
Que é chegada a nossa hora
Vem vamos além
Vão dizer
Que a vida é passageira
Sem notar que a nossa estrela
Vai cair *


* Los Hermanos

Sunday, August 13, 2006

Me diz se assim é que se vive


Me diz se assim é que se vive

A vida é assim, formada por enormes momentos reflexivos misturados aos sentimentos e as ideologias. Somos frutos de uma imensa obstinação e buscamos sempre o melhor, muitas vezes não o melhor coletivo, mas sim individual. Geram-se enormes grupos de angústias e vontade de se sentir vencedor fazem dizermos ou fazermos coisas que, inexplicavelmente, fogem do nosso controle e assim fracassamos o sentimento social humanitário e deixamos monstruosas lacunas de solidariedade pairando ao nosso lado.
Sentimentos como esses fazem esta época do ano ser uma grande hipocrisia de cunho humanitário. Não sei por que existem pessoas que passam o ano inteiro ultrapassando os limites da ignorância e que em algum instante, talvez por questões religiosas ou capitalistas, praticar a solidariedade instantânea, que por sua vez só falta vir em embalagem de 250 gramas. É incrível a capacidade que se tem de não ligar para nada o ano inteiro, fingir que só existe uma pessoa no mundo ,que a vida é feita só para esta e na época “natalina” começar a desejar felicitações de um novo mundo que vem chegando.
Feliz ano novo, pessoal! Que 2006 seja o melhor ano possível! Como eu gostaria de acreditar nisso, talvez eu possa ser extremamente feliz, mas só no ponto de vista egocêntrico. É maravilhoso realizar todos os sonhos ou ter uma vida que tanto quer, talvez conseguir aquela promoção esperada ou passar no vestibular; mas o que se fazer quando percebermos que nada mudou ao nosso redor? Violência fruto de um interminável mundo de desigualdade, miséria, mortes por falta de higiene, epidemias, fanatismos...
Somos uma sociedade extremamente necessitada, como em pleno século XXI ainda tem gente morrendo por não ter o que comer e outras pessoas que têm ilhas e ilhas particulares para passarem férias e pegar um solzinho? Como desejar um feliz 2006 para um e desejar que o outro continue longe da sua casa, ali na favela? Ainda mais, rezando para que ele não roube o seu som que custou R$1000? É tanta hipocrisia ter um tênis que custa mais que um salário de um trabalhador que fica 8 horas trabalhando para dar os filhos o que comer. É tão contraditório e inaceitável!
Vivemos em uma época extremamente fútil, com valores impregnados de uma cultura itinerante e vazia. Não temos valores e se temos somos ridicularizados e questionados. Compramos milhões de presentes para dar a pessoas que não temos nenhum tipo de afeto ou se temos compramos somente para ter algo em troca, e o triste é que são raríssimas as exceções. O mais triste de todo ano é chegar no final dele e dar sorrisos e felicitações a um mundo que especula livremente o que é felicidade sem saber o que é solidariedade e humildade.
Deste modo a reflexão se faz necessária e urgentemente aclamada. Passamos por momentos difíceis e podem ter certeza que a vida é boa porque há momentos difíceis com grandes superações. E é neste espírito de mudanças que a vida ressurge a cada momento, em nós mesmos e em outros. Que a vida seja mais que meras complicações individuais, que haja solidariedade e virtuosos momentos de felicidades, são os meus votos a vocês.


Anna Karoline Pacheco Teixeira – karolpacheco@gmail.com
Coluna publicada no site http://www.turmadodin.com.br

Friday, August 11, 2006

Sintonia..
















Viva a imaginação...
E a liberdade de expressão,
Veja e pense o que quiser.
* Com uma dosagem política...claro!!!!

(Fotos:
Karol em ritmo de aniversário.
Bolo de aniversário)

Tuesday, August 08, 2006

O vento









O VENTO
Los Hermanos

Posso ouvir o vento passar
Assistir a onda bater
Mas o estrago que faz
A vida é curta pra ver
Eu pensei: que quando eu morrer
Vou acordar para o tempo
E para o tempo parar
Um século, um mês
Três vidas e mais
Um passo pra trás
Por que será?
Vou pensar
Como pode alguém sonhar
O que é impossível saber
Não te dizer o que eu penso
Já é pensar em dizer
Isso eu vi, o vento leva...
Não sei mais
Se tu quer, como sonhar?
Que o esforço pra lembrar
É vontade de esquecer
E isso porque diz mais
Se a gente já não sabe mais
Rir um do outro meu bem
Então o que resta é chorar
E talvez, se tem que durar
Vem, renasce do amor dentro de lágrimas
Um século, três
Se as vidas atrás
São parte de nós
E como será?
O vento vai dizer lento que virá
E se chover demais
A gente vai saber
Claro de um trovão
Se alguém depois sorrir em paz
Só de encontrar

Wednesday, August 02, 2006

Considerações

Considerações sobre a legitimidade da política social no Brasil

Se fossemos levar em conta toda a politicagem existente no nosso país e a relação direta com o nível de pobreza, as anomalias sociais, o sentimento esperançoso de ressurgir um novo mundo com melhor qualidade de vida para população desapareceria. Um país que em 506 anos sofre um enorme massacre social em que a própria sociedade se acorrenta ao medo e as disparates sociais aumentam precisa, urgentemente, mudar de atitude. No Brasil colônia a raça regia a situação social a cor era mais que uma simples pigmentação da pele, você era considerado como coisa ou não por ela, também era a carta de convívio com o mundo a fim de melhores condições para viver. No Brasil imperial ou você era rico ou miseravelmente pobre. Hoje em pleno auge da tecnologia ou você paga por um pão ou morre na rua pedindo um. Como há de se convir, pouco mudou. Este resultado é fruto da falta de políticas públicas e da falta de legitimidade destas políticas no país, antes de tudo da deficiência de educação da população ao sentimento alheio. A legitimidade da política social no Brasil se junta aos montes de descasos e implicações da triste história de desigualdade no país e muitos consideram que uma política autônoma de combate à disparidade social, que seja eficaz, ainda não existe. Fato é que existe uma luz no fim do túnel que começa a se consolidar adjuntos de Programas Sociais sem vínculo com Estado, é o papel das Organizações Não Governamentais, associações sem fins lucrativos e projetos de iniciativa privada que cada vez mais se fortalecem. As ONGs estão fazendo o papel do Estado, ajudando e trabalhando para construir um mundo que todos sonhamos em viver. São Organizações que tem fins de cunho social e que não economizam quando o assunto é ajudar, dar apoio, ensinar e trazer a realidade de uma vida mais digna a um mundo que é esquecido durante três anos e aparentemente achado em “divinas” épocas eleitorais. Existem também algumas Associações que fazem parte de tristes histórias de pessoas humildes cuja dignidade foi retirada por estarem sem nenhuma condição de viver. Associações, projetos e iniciativa privada estão ajudando a construir uma realidade de inclusão de cultura, inclusão digital, oficinas e muitas outras atividades simples que dão um novo rumo à vida de muita gente. Crer em uma realidade que amedronta a população e fazer com que essa seja refém de uma realidade aparentemente apaziguadora (como os grandes condomínios de classe média alta com todo um esquema de segurança e um mendigo que mora debaixo da ponte) contradiz com a liberdade de ir e vir, pensar e falar... Para que lutamos para sermos livres e temos medo de andar com o vidro do carro aberto? Para que lutamos por melhores condições de vida se trabalhamos no sinal aos 5 anos de idade para ter o que comer? Para que lutamos pelos nosso pão de cada dia sendo que na vitrine tem uma roupa que custa mais que um ano de trabalho meu? Quantas discrepâncias a mais irão existir para um basta na hipocrisia social? Talvez os utópicos socialistas estavam em torno do mesmo sonho que me persegue, o sonho de uma realidade, ao menos, igualitária; senão justa. No Portal Uai[1] uma matéria avisava “Brasil levará 304 anos para ter igualdade de país rico”, talvez muitos pensem e podem até comprovar isto, mas será que queremos nos igualar a eles, ou melhor será que eles são tão igualitários assim? Será mais fácil dizer que a voz da sociedade brasileira irá mudar a própria realidade brasileira, ao menos basta sonhar e persistir com o discurso da nova realidade feita pela própria nação através de políticas públicas de interesse de todos e com a ajuda de todos.


Anna Karoline Pacheco Teixeira - karolpacheco@gmail.com
Mais uma coluna minha publicada no site : http://www.turmadodin.com.br/

[1] Brasil levará 304 anos para ter igualdade de país rico – 23/01/06 – Fonte: http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/bbc/213427.html