Sunday, August 13, 2006

Me diz se assim é que se vive


Me diz se assim é que se vive

A vida é assim, formada por enormes momentos reflexivos misturados aos sentimentos e as ideologias. Somos frutos de uma imensa obstinação e buscamos sempre o melhor, muitas vezes não o melhor coletivo, mas sim individual. Geram-se enormes grupos de angústias e vontade de se sentir vencedor fazem dizermos ou fazermos coisas que, inexplicavelmente, fogem do nosso controle e assim fracassamos o sentimento social humanitário e deixamos monstruosas lacunas de solidariedade pairando ao nosso lado.
Sentimentos como esses fazem esta época do ano ser uma grande hipocrisia de cunho humanitário. Não sei por que existem pessoas que passam o ano inteiro ultrapassando os limites da ignorância e que em algum instante, talvez por questões religiosas ou capitalistas, praticar a solidariedade instantânea, que por sua vez só falta vir em embalagem de 250 gramas. É incrível a capacidade que se tem de não ligar para nada o ano inteiro, fingir que só existe uma pessoa no mundo ,que a vida é feita só para esta e na época “natalina” começar a desejar felicitações de um novo mundo que vem chegando.
Feliz ano novo, pessoal! Que 2006 seja o melhor ano possível! Como eu gostaria de acreditar nisso, talvez eu possa ser extremamente feliz, mas só no ponto de vista egocêntrico. É maravilhoso realizar todos os sonhos ou ter uma vida que tanto quer, talvez conseguir aquela promoção esperada ou passar no vestibular; mas o que se fazer quando percebermos que nada mudou ao nosso redor? Violência fruto de um interminável mundo de desigualdade, miséria, mortes por falta de higiene, epidemias, fanatismos...
Somos uma sociedade extremamente necessitada, como em pleno século XXI ainda tem gente morrendo por não ter o que comer e outras pessoas que têm ilhas e ilhas particulares para passarem férias e pegar um solzinho? Como desejar um feliz 2006 para um e desejar que o outro continue longe da sua casa, ali na favela? Ainda mais, rezando para que ele não roube o seu som que custou R$1000? É tanta hipocrisia ter um tênis que custa mais que um salário de um trabalhador que fica 8 horas trabalhando para dar os filhos o que comer. É tão contraditório e inaceitável!
Vivemos em uma época extremamente fútil, com valores impregnados de uma cultura itinerante e vazia. Não temos valores e se temos somos ridicularizados e questionados. Compramos milhões de presentes para dar a pessoas que não temos nenhum tipo de afeto ou se temos compramos somente para ter algo em troca, e o triste é que são raríssimas as exceções. O mais triste de todo ano é chegar no final dele e dar sorrisos e felicitações a um mundo que especula livremente o que é felicidade sem saber o que é solidariedade e humildade.
Deste modo a reflexão se faz necessária e urgentemente aclamada. Passamos por momentos difíceis e podem ter certeza que a vida é boa porque há momentos difíceis com grandes superações. E é neste espírito de mudanças que a vida ressurge a cada momento, em nós mesmos e em outros. Que a vida seja mais que meras complicações individuais, que haja solidariedade e virtuosos momentos de felicidades, são os meus votos a vocês.


Anna Karoline Pacheco Teixeira – karolpacheco@gmail.com
Coluna publicada no site http://www.turmadodin.com.br

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