Saturday, August 19, 2006

Enquanto isso na sociedade brasileira

Enquanto isso, na sociedade brasileira...


Digamos que o sistema é desmantelado: muitos policiais corruptos, muitos políticos corruptos, muitas leis com enormes falhas, muita violência, muitas dúvidas do que deve ser fazer, muitas mazelas sociais. Desde que o Brasil é Brasil, a sociedade brasileira se transformou em todos os sentidos, porém com tanta dificuldade de lidar com as situações que englobam o cotidiano de uma “nação desigual”, o nosso tão saudoso país esta, intimamente, envolvido com todos os tipos de crises.
Todos os fatores que tornam o sistema brasileiro falido trazem a tona contextos que vão desde a entrada dos portugueses no país até mesmo a situação manipuladora da mídia brasileira aos brasileiros. Assim, uma sociedade desigual cada vez mais é educada para aceitar a desigualdade. Em vez de a população gritar um basta contra violência, coloca grades em suas casas, em vez de cobrarem mais justiça e paz, se tranqüilizam com a morte de um delinqüente por um policial, que é corrupto. Em vez de ajudar a população com menos recursos com projetos sociais ou até mesmo com a utópica solidariedade, há a situação dos mendigos e as grandes favelas se alastram no Brasil.
A grande questão não é discriminar as grandes doenças sociais, não é simplesmente dizer que “existe um bandido, ele é um transtorno social, portanto um problema do estado”, ao reconhecer o problema à sociedade tem que pressionar e cobrar os direitos que os detêm para eliminar aquela circunstância. A sociedade brasileira, assim como muitas outras sociedades no mundo, está se tornando cada vez irregular, diferente e heterogênea. Não há respeito nem pela cultura alheia, há vários blocos de descriminalização. Multiplicam-se os guetos e multiplicam-se as injustiças.
A sociedade brasileira que luta cada dia por um regime democrático, com um dos sistemas eleitorais mais modernos do mundo, não sabe respeitar nem a opção sexual de um outro indivíduo, não respeita os mais velhos, se matam por brigas de convívio, se individualizam e se tornam monstruosos narcisistas.
Todo este problema, enraizado nos atos históricos brasileiros, está tão vivo, porque a sociedade não se educa (em todos os sentidos), não há investimento na educação, não há conscientização familiar, não há vínculos sociais, não há respeito...
O maior problema social não é o fato de uma sociedade heterogênea, até porque uma sociedade completamente igual é um ideal social-utópico – tão sonhado, tão desejado, mas que não faz parte do sistema atual – mas o maior problema é a falta de cumplicidade entre as diferenças, a falta de uma harmonia entre as partes, a falta de um acordo para minimizar ou acabar com as crises e o término das mazelas sociais.
Enquanto o ideal social igualitário se torna cada vez mais longe de ser tornar real, enquanto o mundo se esforça para manter a paz contratual, enquanto a sociedade se distancia em grandes muros de condomínios fechados e grandes favelas com vistas para o mar; as pessoas se tornam vazias e se alienizam da verdadeira sociedade em que vivem. Enquanto isso, na sociedade brasileira às pessoas pensam...pensam e se deixam influenciar pelo o que vai se tornar mais agradável para elas e não o que é mais justo.

Por: Anna Karoline Pacheco Teixeira – karolpacheco@gmail.com
Esta coluna foi, anteriormente, publicada no site: www.turmadodin.com.br

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